segunda-feira, 25 de maio de 2009

Conceitos de Desenvolvimento e Centro


É fácil comparar uma partida de xadrez, com uma batalha. Na verdade, nós encontramos dois exércitos (as peças brancas e as pretas peças), uma área de contenção (o tabuleiro), e dois generais (os enxadristas que se enfrentam).

Além disso, o xadrez, tal qual como uma batalha, tem a sua estratégia e tática e os exércitos (as peças do jogo) devem ser colocados de uma forma adequada tanto para atacar como para defender, assim como, todas as forças devem ser coordenadas para atingir um objetivo comum, a derrota do adversário.

A partida de xadrez se inicia com as primeiras jogadas realizadas, denominadas “abertura”, com os jogadores desenvolvendo suas peças. Desta forma, podemos dizer que o desenvolvimento no xadrez é a colocação das peças em ação, as quais, em sua posição inicial, não podem realizar nenhum movimento com exceção ao cavalo, pois é o único que pode saltar sobre os peões.

Uma vez que já conhecemos o conceito de desenvolvimento, nós podemos passar a analisar o conceito de centro.

O centro (veja no diagrama ao lado) é formado pelas casas e4, e5, d4 e d5.

A importância das casas centrais está no fato de que é nelas que as peças conseguem alcançar sua força máxima e eficácia.

Para comprovar esta afirmação, basta comparar o número de casas que qualquer uma das peças domina nesta área com qualquer outra área do tabuleiro. Facilmente veremos que o campo de ação das peças colocadas no centro é muito maior.

Também é evidente que do centro as peças podem se mover mais rapidamente para qualquer outra área do tabuleiro. Desta forma fica fácil compreender que durante uma partida de xadrez devemos lutar por dominar e, se possível, ocupar as casas centrais.

Voltando ao conceito de desenvolvimento, o ex-campeão mundial de xadrez Emanuel Lasker elaborou os seguintes princípios gerais:

1) Sempre iniciar a partida com o peão do rei ou com o peão da dama
É conveniente começar o jogo, movendo os peões centrais porque permitem a passagem livre para mais peças. Por exemplo, se você mover o peão da dama, damos passagem para a dama, um bispo e habilitamos uma casa para o cavalo. Obviamente também podemos pôr em jogo o rei, mas mover o rei no início da partida é muito perigoso, exceto para realizar o roque.

Por outro lado, se iniciamos o jogo com o peão do rei, facilmente comprovaremos que os mesmos objetivos serão alcançados.

Nota: Também se considera aceitável iniciar o jogo com o peão do bispo da dama ou com o cavalo do rei, mas, em última análise, sempre acabaremos avançando os peões centrais.

2) Fazer jogadas de desenvolvimento que ameacem algo

Por exemplo, veja no diagrama ao lado que depois de jogar 1. e2-e4 e7-e5 o desenvolvimento do cavalo com 2. Cg1-f3 resulta ser uma boa jogada, pois colocamos uma peça no jogo e também ameaçamos o peão inimigo localizado no centro.

Por razões semelhantes, podemos dizer que a resposta do condutor das peças negras 2... Cbc8-c6 também é um bom lance, pois desenvolve uma peça e, ao mesmo tempo, protege o peão central que está sendo atacado.

3) Desenvolver os cavalos antes do que os bispos
A razão é simples, o cavalo, a partir de sua posição inicial, domina apenas duas casas que já protegidas por outras peças ou peões. Portanto, para que o cavalo seja eficaz e tenha alguma atividade é necessário desenvolvê-lo.
Por outro lado, os bispos após os lances iniciais 1.e2-e4 ou 1.d2-d4 já dominam uma boa diagonal em que algumas casas são controladas apenas pelo bispo, ou seja, o bispo tem alguma atividade mesmo sem ter sido colocado no jogo.

4) Escolher a casa mais adequada para colocar uma peça e colocá-la lá com um único movimento
Em resumo, não é conveniente jogar duas ou mais vezes a mesma peça durante a abertura (lances iniciais da partida).

5) Fazer somente um ou dois movimentos de peão na abertura
Deste modo enfatizamos a importância do desenvolvimento de todas as peças já que outros movimentos de peões não facilitam a colocação em jogo de uma nova peça.

6) Não movimentar a dama prematuramente
Sabendo que a dama é a peça de maior valor no jogo de xadrez, durante a abertura, devemos deixa-la resguardada em sua casa inicial evitando, desta forma, que o nosso adversário ganhe tempos desenvolvendo suas peças de menor valor atacando-a.

7) Fazer o roque o mais rapidamente possível
O roque resguarda o rei e, além disso, permite mobilizar rapidamente uma das torres.

8) Procurar realizar jogadas com o objetivo de dominar o centro
Conforme mencionado anteriormente o porque as casas centrais são tão importantes.

9) Tentar manter ao menos um peão no centro do tabuleiro
Um peão no centro domina casas de vital importância e evita que as peças do adversário sejam colocadas nelas.

Por último é importante mencionar que todos estes princípios têm suas exceções, porém são muito importantes durante a execução dos movimentos iniciais de uma partida.

(by Pepelu)

3 comentários:

Mateus Fernando disse...

D+, sem comentários. Essa foi a explicação mais detalhada que vi, foi um exelente trabalho e muito obrigado por tais infornações, depois dessa fique com vontade de jogar xadrez. at+ ^^

Mario Vaz Jr disse...

Olá M@T&us, agradeço o seu comentário e incentivo. A idéia deste blog é justamente essa: incentivar pessoas a aprenderem a jogar xadrez e, também, dar dicas básicas àqueles que já sabem mover as peças e pretendem evoluir um pouco mais. Abraços,

Mário Saveri disse...

Xará, teu blog é simplesmente sensacional! Muito bem explicado, objetivo sem ser superficial, técnico sem ser pedante! Excelente!